sexta-feira, 31 de julho de 2015

Ola, sou o Tiago tenho 19 anos e sou deficiente motor.
Decidi criar um blog porque neste momento a minha vida não está a correr da melhor forma...

No meu blog vou falar um pouco de tudo... mas especialmente vou criticar (criticas boas e más), pessoas, coisas etc...

As pessoas que vou criticar se calhar não vão gostar das coisas que vou dizer, por isso peço-lhes desde já desculpas, mas sinto que tenho de dizer coisas menos agradáveis e também sinto que já não tenho nada a perder...

Não quero e exigo que não tenham pena de mim!!!
Espero que este blog sirva para alguma coisa... mais que não seja para eu desabafar!

Abraços

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Amor? Como? (2ª parte)

Na primeira parte deste post falei como era o meu “conceito” de miúdas quando era puto e também disse que mudei para melhor e para pior, agora vou falar sobre hoje, o que mudou em mim e também questionar-me sobre algumas coisas.


Tenho que referir que este post era praticamente dedicado e servia também para mandar uma “mensagem” a uma miúda, mas como ela já sabe de tudo não vai ter a mesma “piada” para mim e também para ela, mas vou escrever como que ela não soubesse de nada.



Hoje em dia, até vou conhecendo miúdas interessantes, bonitas, atraentes e etc… que até dá-me vontade de as conhecer melhor, tipo, pedir-lhes o numero, ou o facebook, para inicar uma conversa interesse e até uma boa amizade ou então se essas miúdas são tudo o que disse até podíamos ir além de uma amizade… mas penso, o que é que vou fazer? Um gajo como deficiente tem alguma hipótese com essas miúdas? É claro que não… pronto, lá está uma das diferenças do que era e do que sou hoje, sem coragem de ir à luta e a pensar demasiado nas consequências até ao ponto de não arriscar nada.



Principalmente depois que saí da escola mudei para uma atitude em relação às gajas não muito correcta e que até sinto alguma vergonha de tomar por vezes esta atitude. Tenho medo que não seja normal o que tenho feito com algumas miúdas mas não quero estar louco. O que me vale é a minha capacidade de “escolher” com quem falo sobre isto e de saber falar com eles sobre esta minha atitude, pois têm-me percebido e não dizem a ninguém porque se dissessem eu era um homem “morto”

Percebo esta minha atitude mas ao mesmo tempo não compreendo porque nunca cheguei a este ponto… será por estar muito tempo sozinho? Ou será por ver muita ficção e pensar que sou um actor que pode fazer tudo? Ou simplesmente será porque estava mais ou menos habituado e de repente ficar sem nada? Só sei que quero que esta atitude não me torne maluco.

Não vou dizer qual é a atitude nem sei se da para perceber pelas minhas palavras. Sei que algumas pessoas que conheço sabem do que estou a falar mas não se conhecem nem sabem que falei disto entre elas. Por isso não resisto em dizer obrigado “Patrícia”.



Falei aqui da estratégia que usei com a Daniela em que só faltou o quase para resultar. Também falei no que fiz após ela, com miúdas que ia conhecendo e falando, ao ter um discurso pouco recomendável na medida do assunto que eu lhes apresentava… penoso, mas involuntariamente.

Pois bem, parece que mudei, (pelo menos por enquanto), acho que aprendi com as duas “partes” e graças a isso está a ter um resultado positivo…



Um dia destes estava eu numa rede social à busca de novas amizades e ao mesmo tempo ver se arranjava um entretimento para aquela noite, pois ainda estava na fase do discurso menos saudável.

Quando encontrei uma miúda que podia ser como tantas outras, que nem me dão paleio nem nada, mas não, algo chamou-me a atenção nela pois não era como as outras. E eu sem nenhuma explicação logica disse para mim próprio que com aquela miúda ia mudar de atitude e de discurso. Assim foi.

Diferente de todas as outras que tentava falar naquela rede social que simplesmente não me respondiam, esta foi totalmente diferente pois mal acabava de enviar a mensagem ela escrevia logo a seguir, aproveitei a onda e fui educado com ela, não quis apressar as coisas como era meu hábito, no outro dia estava lá outra vez de propósito para falar com ela, de coisas banais, não quis falar, como costumava fazer, logo de relacionamentos e assim. Falamos durante dias sobre as nossas vidas, fiquei surpreendido quando lhe disse que era deficiente pois reagiu com uma naturalidade que nunca tinha visto e o mais importante foi que ela nunca deixou de me responder mesmo depois de ela saber como é que eu era, falamos sempre.

Surpreendido com a minha atitude que até tive algum receio de lhe pedir o msn pois tinha medo que reagisse mal, cosa que antes era uma das primeiras coisas que pedia a uma gaja. Consegui que ele me desse o msn, falámos durante tardes inteiras e também noites até que senti a necessidade de ter o numero dela pois queria falar com ela toda a hora, ela assim aceitou e deu-me. Começamos a falar os dias inteiros, já não tinha um “bom dia” há que tempos e ela voltou-me a fazer desse gesto quotidiano para mim.



Se fosse antes, naqueles momentos mais “críticos” da mina vida, já lhe tinha dito que gostava dela ou algo assim passado uma semana.

Mas ela foi diferente, era especial eu sabia, mas não precipitei-me e na altura certa é que vi o que sentia por ela.

Ela é mesmo diferente pois houve um pormenor que para mim marcou toda a diferença, era sempre eu a pedir ás miúdas para ligarem a web cam mas foi ela que me pediu, embora já tivesse com vontade de a ver há mais tempo nunca lhe pedi.

Até que vi o que sentia por ela e por isso decidi uma coisa para mim próprio, que foi ser totalmente sincero e transparente com ela, desde sempre contei-lhe como é que eu era, as minhas limitações físicas e etc… sabendo mesmo que se contasse a uma miúda qualquer que tinha uma mão tola ou que tenho movimentos involuntários que podem ou não afectar uma possível relação, ela podia-se afastar de mim, mas sempre quis contar-lhe tudo o que tenho de negativamente pois quis ser sempre sincero.



Chegou o dia de dizer-lhe o que sentia por ela.

Desde que a conheci que sabia que mais tarde ou mais cedo que ia sentir alguma coisa por ela… sou assim.

Não vou dizer o que aconteceu nesse dia, vai ficar entre nós.

Mas pergunto: valeu a pena ser sincero? E contar-lhe tudo de mim? Mesmo as coisas mais negativas sabendo perfeitamente que podia afectar a imagem que eu queria que ela tivesse de mim? Já lhe disse que nunca foi tao sincero com alguém como estou a ser com ela. Valeu ou vale a pena?

Eu sei que as possibilidades de ter namorada são mínimas e mesmo assim contei-lhe logo tudo, porquê?

Ainda para mais sabendo que ela é de longe, pergunto-me porquê que me meti nesta? Ela despertou-me em mim reacções que nunca tive por causa de uma miúda, já chorei com ela, já ri-me com ela, disse-lhe mesmo verbalmente a palavra “Amo-te”, tive uma conversa séria com os meus pais que nunca tive coragem de a ter e tive por causa dela… mas tudo isto para quê? Se sei qual é a realidade…



Deixa-me amar-te e torna-te ainda mais especial.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Amor? Como?

Sempre achei que o tema “amor” seria um tema para segundo plano, sinceramente, não percebia porquê que as pessoas sofriam tanto por esse sentimento, faziam um drama dos diabos por não serem correspondidos, ou não pudessem para estar juntos de quem se ama e etc… Pensava que a escola, o trabalho, a saúde, o dia-a-dia e etc eram mais importantes do que esse sentimento que é o amor.

Quando era puto tinha na minha ideia que ia arranjar uma miúda facilmente como todas as pessoas, que ia a beijar facilmente como via na televisão, que ia puder namorar sem qualquer tipo de problema, nem sabia o que era o preconceito nem nada, achava que ia ser fácil… como estava enganado!

Ao longo do tempo fui-me apercebendo que não era bem assim, comecei a ver as gajas a darem me para trás mas na minha inocência de (ainda puto) pensava que era por elas me acharem feio ou qualquer coisa do género, mas passava e vinha outra para a minha “mira”. Mas comecei a achar estranho, todas davam-me para trás, não queriam nada comigo etc… a minha cabeça acordou para a realidade. Se não era por ser feio ou qualquer coisa do género tinha que ser por outra razão, começava a ver casais de namorados a namorarem nos cantos da escola e eu nada, a única coisa que conseguia era passar a mão nas minhas colegas e uma outra coisa mais que não digo aqui. Então foi acordando e vendo que era mais deficiente do que eu pensava, comecei a ver que talvez fosse por ser assim que não tinha ‘namoradas’.

Entretanto passado um tempo apareceu a tão famosa do meu blog, Daniela, que já contei aqui a história. Quando a conheci estava a nascer para essa realidade por isso não hesitei muito e entrei na “luta”, não sei bem como, que até as vezes questiono-me a mim próprio como é que eu fiz e como é que consegui. No entanto agora a olhar para trás no tempo fico admirado por conseguir o que consegui, tenho uma teoria que é: como estava a nascer ainda para a realidade, fui á luta sem pensar nas consequências, quase sem pensar que era deficiente e que ate podia resultar. Tive sorte na estratégia que adoptei para começar a falar com ela e até disse logo que era um admirador secreto dela. A estratégia foi em eu pedir o numero dela sem ela saber e andei um tempo a falar com ela sem dizer quem eu era, porque tinha acabado de acordar para a realidade e sabia que se dissesse quem era eu, que era a mesma coisa que dizer adeus, por isso preparei-a e na altura certa disse-lhe quem era eu, no principio fez-lhe confusão mas depois viu que realmente eu era um gajo a sério… e o resto já sabem.

Então foi com ela que mudei de opinião sobre o amor, amei e não fui amado, sorri e fiquei desolado, fui feliz e infeliz… etc. Vi que realmente era a minha deficiência que me impedia de ter namoradas. Depois dela, com as miúdas que foi conhecendo, a minha atitude mudou, não entrei para a “luta” sem pensar nas consequências, hesitei bastante, mudei o meu discurso completamente, dizendo logo que era deficiente, que ninguém me queria por ser assim, passei de um discurso optimista para pessimista. E sem querer fui- me inferiorizando ao falar como elas até de uma forma penosa na esperança de terem pena de mim… mas tudo isto inconsciamente.

Mas acho que mudei, tanto para melhor como para pior.

Na segunda parte deste post vou questionar algumas coisas que me estão a deixar confuso e ao mesmo tempo realista… vai ser interessante e surpreendente…

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma carta ao Pai Natal

Não tenho idade de acreditar no Pai Natal mas como estamos na semana do Natal apetece-me voltar a ser criança e escrever ao pai Natal…
O que eu vou escrever vai ser no sentido figurado, com alguma ironia (a carta ao pai Natal) e também o que se passou em 2011 na minha vida…

Pai Natal, se acreditasse em ti só te pedia para me devolveres algumas coisas que me deste em 2011 mas que me foste tirando ao longo do ano, se calhar foi porque me portei mal…
Não resisto em começar por uma coisa que foi a primeira coisa que me tiraste mas principalmente porque nesta época pelo ano passado estava muito feliz com o que tu me deste e porque estou “farto” de recordar com saudade os momentos que passei com elas.
Estou a falar, claro, talvez das três amigas mais fantásticas que tive até hoje, a Elisabete, a Marlene e a Cláudia, deste-me esta prenda que foi a amizade delas e muito mais ainda em 2010 mas tiraste-me nos princípios de 2011. Sem duvida foi a prenda que me deste mais bela nos últimos anos.
Mas fiquei sem ela, literalmente, muito rápido, se calhar não merecia o que estava a viver com elas ou então, como tu sabes que sou um coração mole fizeste com que eu me apaixonasse por uma delas e deste-me esse castigo pois sabias que quando eu me declarasse ela(s) iam-me abandonar só por isso, só por gostar de uma rapariga do grupo. Essa prenda foi a mais dolorosa quando me tiraste, mesmo… se existisses pedia-te para voltar atras ou então pedia-te para ter outra vez simplesmente a amizade delas.

Outra coisa que me deste ao longo da primeira metade do ano mas que não me retiraste e ao mesmo tempo não me deixaste continuar foi a magnifica experiencia que tive no meu estagio na Camara Municipal de Oliveira de Azeméis. Não vou mentir que quis ir para lá estagiar na esperança de puder ficar lá a trabalhar, pensei que com os conhecimentos que tinha lá pudesse realmente ficar lá e ter um emprego.
Sinceramente, Pai Natal, é a prenda que eu mais quero, pois estou farto de estar em casa, quero ocupar-me, quero socializar, ver pessoas novas, ter novas experiencias, novos colegas e sucessivamente amigos, não quero passar os meus dias em casa a dormir ate ao meio-dia e passar a tarde a ir para cima e para baixo (café), enfim quero ser activo e também puder ajudar a minha família pois é só o meu pai que trabalha e também já estão a dever-lhe dinheiro.
Pai Natal, peço-te só isto principalmente. Se não for na Camara de Oliveira de azeméis que seja noutro local qualquer, quero é ser um activo na sociedade e também mostrar às pessoas que não sou nenhum invalido.

Ao longo de 2011 lutei e sonhei por um sonho meu, não caminho mas quero ter mais liberdade, eu quero e vou conduzir.
Durante o ano eu lutei para que me dessem autorização para tirar carta, também conheci e falei com varias pessoas que estão ou estiveram na mesma situação que eu e que conseguiram ou estão conseguir dar este passo tão importante para um deficiente.
Das 4 ou 5 pessoas com o mesmo caso do que eu e que falei, explicaram-me os passos que deram, as batalhas que tiveram de enfrentar e nenhuma delas me disseram que foram a Lisboa fazer um teste psicotécnico ao IMTT. Pergunto-te porquê que a mim mandaram? Fazer 300km para ir fazer um teste psicotécnico que pelos vistos fui eu o único a ir lá e ainda por cima na minha opinião não fiz o teste que devia de fazer… porquê esta batalha tao difícil para nada? Foi uma das maiores desilusões da minha vida quando me disseram que não podia conduzir, quando não fiz o teste completo.
Por isso peço-te para me dares força para continuar a lutar e não desistir, a ver com isto peço-te para eliminares vozes negativas e até de quem goza comigo com esta situação, tipo Baketas e assim… porque eu vou conseguir!

Na brincadeira costumo dizer que vou pedir ao Pai Natal uma gaja desmontada para eu montar. Mas acho que chega de brincadeiras…
Queria-te pedir não uma gaja, mas uma mulher a serio, sei que posso fazer feliz qualquer uma. Não sou nenhum bicho como elas pensam, sou apenas um gajo de cadeira de rodas, que fala mal (nas primeiras vezes), que fica nervoso com alguns movimentos involuntários (também só nas primeiras vezes), que faço coisas que elas nem imaginam (vou dar um exemplo pratico: tiro a roupa e deito-me sozinho…), que não sou nenhum coitadinho, pelo contrario e etc…
Quero saber o que é ser amado porque amar já amei e muito… deve ser uma sensação boa.

Mais uma coisa que me tiraste quando estava quase a chegar ao fim. O Benfica, nas meias-finais da liga europa.
Este pedido sei que me vais dar Pai Natal, o Benfica campeão, acredito profundamente que em maio ou até antes vou estar a gritar “Benfica campeão” e ver os outros a lamentarem-se e a arranjarem desculpas.
Não peço a liga dos campeões porque sei que não mereço, mas se vier será bem-vinda.

Anteriormente falei nas minhas amigas que foram só durante um tempo, mas quero-te agradecer pelo amigo que tenho o Nuno, esse sim é um amigo a tempo inteiro e para toda a vida. Sabia que um dia ia acontecer o que está a acontecer, o meu melhor amigo tem namorada e por isso não anda tanto comigo, já não saio à noite há algum tempo pois era só ele que saia comigo. Neste caso não posso dizer que a felicidade de uns é a infelicidade de outros porque estou feliz por ele. Ele merece ter alguém.
Vou só é desafiar um outro amigo meu a ler este post na esperança que perceba alguma coisa…

A maior prenda que me deste, Pai Natal, foi a criação de uma associação para a minha terra.
A Associação Figueiredo de Rey, juntamente com amigos meus criamos uma associação que em apenas 4 meses é um exemplo de sucesso e dedicação por a terra. Tenho que agradecer o facto de a direcção eleger-me como Presidente, foi um gesto que me impressionou bastante pois vi que ainda há pessoas que me vêm como uma pessoa normal.
Por isso peço-te que a Associação Figueiredo de Rey continue num bom caminho que tem percorrido pois é uma das poucas coisas que me orgulha na minha vida…

Pai Natal a ultima coisa que te peço é que reduzas drasticamente o preconceito das pessoas pois é a coisa que mais detesto e mais sofro na pele, tu sabes. E quem diz preconceito diz pena, diz outros sinónimos que estou farto de falar aqui…


Feliz Natal!!!!!!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O meu estágio - 2ª parte

Tal como este post tem 2 partes também posso dividir o meu estágio na Câmara de Oliveira de Azeméis em 2 partes.

Não sei precisar se foi no fim do ano ou no princípio que mudei de sitio, aliás foi a secção toda de onde eu fazia parte que mudou-se para outro gabinete. E aí sim, essa mudança foi benéfica, gostei muito.

Fiquei à beira dos meus colegas, embora separado por uma porta, tive um computador melhor que me permitia fazer tudo sozinho sem ter de pedir material à Catarina e ao mesmo tempo valorizar o meu trabalho pois tive de trabalhar com imagem e áudio, o que não tinha possibilidade de fazer no outro computador.
E também teve um pormenor que nunca disse a ninguém mas que achei interessante. Como disse, também trabalhei com áudio, logo tinha colunas, e, então a primeira vez que fui para lá, estava a dar rádio e a Catarina disse-me para ouvir o que quisesse enquanto estava a trabalhar, mas como cheguei e estava na RFM deixei estar e ouvi até ao fim do estágio. Por um simples facto, é que lembrei-me de quando estagiei na Voz de Azeméis, também ouvia lá a RFM, recordei-me muitas vezes de momentos que passei lá…

O mais benéfico que aconteceu em ter mudado de sítio foi a aproximação que eu fiquei com os meus colegas. Embora eu tivesse ficado numa sala e eles noutra, foi totalmente diferente do que a “primeira parte” do estagio, pois deu para estar mais vezes com eles (todos os dias), conviver mais com eles, falar, até que por fim quase que já estavam habituados comigo no sentido da fala, acredito que se fosse todo o estágio assim eles ficavam a perceber-me bem e tudo mais que poderia ganhar com o convívio.
Quando uma colega minha, também estagiária, fez anos é que senti-me finalmente bem e integrado pelo simples facto de a Catarina me dar o bolo na boca. Eu sabia que estava bem lá e que ninguém olhava-me “de lado” por estar lá um deficiente a estagiar e fazer parte da equipa (acho eu), mas pelo simples facto de ter tido um momento de convívio e de a Catarina me ter dado o bolo sem qualquer tipo de preconceito, aparente, senti-me bem como se tivesse entre amigos.

Há um episódio que eu vivi durante o estágio mas sem importância nenhuma que quero partilhar porque achei “interessante”, fruto da minha imaginação...
Quando estava a caminhar para o fim o estágio e como tinha ainda horas para completar o estágio eu ia de manha e de tarde pois já tinham acabado as aulas, então um dia, para ganhar mais uma hora decidi que ia almoçar à escola e assim foi.
Disse à Catarina que nesse dia ia almoçar á escola, e então chegou a hora do almoço e fui ter com ela para ir levar-me ao elevador porque dessa vez eu fui sem motorista.
Pelo caminho a minha imaginação parece que se tornou realidade porque ao longo do caminho ia a imaginar o que já tinha pensado algumas vezes para o caso de poder ficar lá após o estágio a trabalhar. Naquele dia imaginei que era mesmo um funcionário da câmara a sair para o almoço como outro qualquer, que ia ao restaurante almoçar, neste caso era a escola, mas também pensei ou imaginei nesse pormenor que passava por escolher um restaurante certo e pedir a alguém desse restaurante, ou não, para me dar o almoço, como fiz na escola em que cheguei lá e pedi para me darem o almoço, e no fim do almoço voltei para a câmara.
Por acaso fiquei contente com esse momento…

Com a mudança de sítio também houve uma mudança de colegas pois vieram mais dois para a minha secção.
Primeiramente foi o Luís que veio trabalhar para lá, o Luís é meu vizinho e para além do Paulo ele era o que me conhecia melhor portanto seria bom para a minha, ainda mais, integração no grupo de trabalho que estava inserido, pensava eu. Fiquei um pouco desiludido com a visão dele sobre mim, pensava que me conhecia melhor até porque encontravam os e encontramos muitas vezes na tasca, mas foi um pouco diferente do que eu estava á espera porque principalmente no principio tratou-me com algum “cuidado” a mais, ou seja vi que ele não me via como eu pensava, como um gajo normal e etc…
Depois veio uma estagiária, pensei que iria ter oportunidade de conhecer uma colega ou uma amiga nova, como aconteceu durante toda a escola. Mas não foi bem assim. Como eu estava à espera, no princípio a Tânia olhava para mim como é costume e estou farto de falar aqui no blog. Mas esperava que ao longo do tempo que tanto ela como eu nos começássemos a conhecer melhor, a entender-me me melhor e até que poêssemos criar uma relação como tinha com as minhas colegas da escola, tal quase não aconteceu. Quase que não falávamos um para o outro, também foi um pouco por minha causa porque quando ela veio para a minha beira tive uma reacção um pouco inexplicável que não vale a pena falar, mas ao longo do tempo fomos nos conhecendo melhor só que não houve aquele relacionamento que pensava que ia haver entre colegas da mesma idade… tudo isto mais uma vez por causa da fala.

De resto só tenho de agradecer às pessoas que conviveram comigo durante o estágio em que não referi aqui, principalmente a Daniela e o Altino que na “segunda parte” do estágio foram “mais” colegas pois tivemos oportunidade de estar mais vezes junto e conhecermos-mos melhor.
Também só quero referir só mais uma coisa que me deixou orgulhoso e contente que foi o facto de eu ter participado em algumas reuniões que se realizavam para planear o trabalho para a semana toda, uma coisa de nada que me deixou orgulhoso…

E dizer que tive realmente pena de não ter podido ficar lá empregado, não só pelo emprego em si mas também mais uma vez pelas excelentes pessoas e amigos que fiz lá.

Agora que descrevi o meu estagio…. Alguém podia dar-me uma hipótese de trabalho, pois estou cansado de estar em casa..,.
(desabafo)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O meu estágio - 1ª parte

Hoje vou escrever um post que indirectamente ainda tem a ver com a escola, mas também não tem nada a ver. O meu estágio.
Realizei o meu estágio do curso na Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e para resumir tudo o que vou escrever só posso dizer que adorei a experiencia.

Antes de começar a falar concretamente do estágio vou só fazer referência a uma outra situação que tem a ver tanto o estágio como a escola. Os motoristas que me levavam e traziam.
Até eu ir para a Soares Basto nunca tinha ido para a escola com um motorista, era sempre a minha mãe que me ia levar e buscar ás escolas que frequentei até esta.
Por isso quando foi para a Soares sem a minha mãe a ir levar-me e sim um motorista vir-me buscar a casa, para mim foi uma experiencia totalmente nova. E até sentia-me bem porque finalmente ia para a escola ‘sozinho’ sem a ‘mamã’. Já não ia sentir aquela ‘vergonha’ de ir sempre com a minha mãe, sentia que era mais independente só por ir numa carrinha e não com a minha mãe e também fiquei mais ‘corajoso’ no sentido de fazer algumas ‘asneiras’ na escola pois sabia que não havia o perigo de os professores virem ter com ela fazer queixas como tantas vezes aconteceu.
No entanto não foi tudo como eu pensava com os motoristas que me vinham buscar e trazer. Tive algumas ‘peripécias’.
Principalmente com o que me vinha buscar de manha, o Amílcar. Definitivamente esse não nasceu para transportar deficientes. Quase que não falava comigo, conduzia mal e perigosamente ao ponto de me virar dentro da carrinha. Sim, ao fazer uma retunda virou-me era porque vinha ‘devagar’… tive que fazer uma queixa na câmara ao ponto de ele levar um processo disciplinar. Mas não foi só isso, também foi a primeira vez que levantei cavalos durante uma viagem pois ele ao arrancar eu quase que virava para trás e etc…
Já o que me vinha trazer era totalmente diferente. O sr. Flávio, esse sim falava comigo durante a viagem, ou sobre o Benfica, ou se eu estava bem, conduzia cuidadamente, tinha paciência ao ponto de procurar um lugar abrigado quando estava a chover e também não bufava como o outro…

Mas vamos ao estágio…
Este estágio foi o segundo que realizei na minha vida portanto estava mais descansado e também porque tinha lá um amigo meu e isso tudo dava-me alguma tranquilidade.
Antes de ter a certeza de que eu fosse para a câmara estagiar tinha a possibilidade de ficar a estagiar na escola. Mas eu recusei, pois queria ter experiencias novas, conhecer novas pessoas, novas realidades e não nego que também quis ir para a câmara municipal com a esperança de poder ficar lá no fim do estágio.

A primeira coisa que me deixou contente foi uma simples acção que fiz, foi o simples facto de ir lá conhecer o sítio sozinho, sem mãe, sem nada, só através do Paulo, nem com o conhecimento dos professores. Fui lá sozinho com a minha própria independência.

Nos primeiros dias claro que ia nervoso e sabem como é que é meu nervoso, agitado, não consigo ficar quieto. Mas surpreendentemente fui menos nervoso que pensava.
Nos primeiros dias fui lá para dentro mesmo à beira do gabinete dos meus colegas, mas para isso tinha de abrir uma série de portas até chegar ao meu local de trabalho.
Até que arranjaram um sítio para eu ficar sem ter de abrir aquelas portas todas, mas só que fiquei distante dos meus colegas que nem dava para vê-los nem para conviver com eles. Perguntaram-me se eu me importava de ir para aquele sítio disse que não, pois o que eu queria era fazer o meu melhor e também não gosto de ser um ‘estorvilho’.

O sítio que eu fique até não era um mau pois fazia parecer que eu era mais um recepcionista do que um técnico de multimédia, pois fiquei mesmo à entrada do gabinete do Presidente e via quem entrava e saia. Cumprimentavam-me, falavam comigo como que fosse um funcionário normal, também de vez em quando o motorista do Presidente vinha para a minha beira falar comigo… e ao longo do tempo fui ganhando confiança com as pessoas e vice-versa. Fazia-me sentir bem, normal…

Como tenho dito aqui no blog, o meu maior problema até em termos sociáveis é a fala.
Nesse aspecto com os meus colegas de gabinete foi quase perfeito porque o Paulo já sabia como é que eu era e então utilizei o sistema mais adequado para falar com eles que foi o Google Talk. Através desse programa comunicava com eles, é claro que preferia falar verbalmente com os meus colegas mas não era possível até por causa da distância que estava dos outros. Mas com a ideia do Paulo resolveu-se uma grande parte do problema.

Estou a falar dos meus colegas, mas não estou a dizer nomes e é crucial eu falar de uma pessoa pois sem ela se calhar não era o que fui.
A Catarina, foi ela a minha ‘chefe’.
A catarina surpreendeu-me muito. Pois por vezes quando eu falo com alguém e depois esse alguém conhece-me pessoalmente, mesmo se eu disser que sou assim e assado, que faço aquilo ou aqueloutro, mesmo assim trata-me de maneira diferente. E a Catarina não foi assim, bastou dois ou três dias para ela perceber como é que eu era, as minhas capacidades, que não era nenhum coitadinho e etc…
Como disse, nós comunicávamos através do Google Talk, e a Catarina foi com quem mais falei, aos poucos fui ganhando confiança e ela também, perguntava-lhe que trabalho é que tinha, se estava bem feito, e ela não teve qualquer problema em me dizer que estava errado, ou em me dar muito trabalho… notei que eu para ela não tinha quaisquer limitações para fazer o que me pedia… enfim tratava-me como uma pessoa normal e é disso que gosto nas pessoas.

Claro que houve aspectos mais negativos enquanto estive lá mas não por culpa de ninguém, estou a falar principalmente dos sustos que apanhava, eram sustos de nada, mas como me assusto facilmente quando alguém falava pra mim e eu assustava-me ficava envergonhado comigo próprio a pensar “o que é esta pessoa vai achar de mim comigo a assustar-me por uma coisa de nada?”, e até as próprias pessoas, notava, que ficavam embaraçadas sem ter culpa nenhuma.
Isto foi o principal aspecto não gostei de ter tido no meu estágio.

Ainda não acabei, vou deixar para a 2ª parte deste post a melhor parte que tive como experiencia neste estágio…..

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O meu ultimo ano de escola (2ª parte)

Na primeira parte deste post confesso que fui um pouco negativo mas tinha que dizer o que senti ao ficar sozinho e ao ver os meus colegas todos juntos excepto eu.
Mas nesta segunda parte vou ser mais positivo, até porque também houve coisas positivas no meu último ano escolar.

Uma delas foi o convívio que eu tive dentro da sala de aula. Além de eu achar que eles não me ligavam nada, foram sempre uns bons colegas de turma, quase sempre entrei na onda deles, na palhaçada e tudo mais.
Confesso que vou ter saudades e sentir falta deles como eram dentro da sala de aula e por vezes fora dela.
As disciplinas que gostava mais era de design e área de integração, não por a disciplina em si mas pelo que fazíamos lá dentro. Em design fazíamos praticamente o que queríamos, não fazíamos nada ou então estávamos sempre na galhofa, eu a meter-me com a Márcia e vice-versa, a levar pancada da Viviana, a colar-me ao grupo do Romeu para trabalhar e ele a mandar-me embora na brincadeira… foram bons momentos que passei naquela aula.
Em área de integração era um pouco diferente mas divertido até porque tinha outra interacção com a professora. Eles a queimarem-me porque não passava a matéria, eu a meter-me com a professora ou eu e o Amaral a copiar um e o outro os testes.
Nas outras disciplinas também era um pouco assim. Não me esqueço dos panics que a Márcia trazia-me da rua e roubava-me o troco para comprar chupas para ela e eu fica furioso mas na brinca pois ele merecia. Nas aulas a jogarmos Tetris uns contra os outros e eles a gozarem-me porque eu ficava sempre em ultimo… Tudo isto foram bons momentos que nunca esquecerei e vou sentir falta.

Como não podia deixar de ser vou falar no tema “miúdas”, curiosamente não “liguei” muito a miúdas ou a possíveis namoros ou qualquer coisa do género. Não sei se foi por causa de eu ter crescido e me mentalizado que não valia a pena fazer nada pois era deficiente, ou por causa do “trauma” que apanhei com a anterior miúda ou simplesmente por falta de confiança.
Claro que tive uma ou outra “debaixo de olho”. Uma delas cheguei a falar com ela e ao longo do tempo em que fomos falando eu senti que poderia ter sorte ou não. Até cheguei a ir a uma festa da terra dela só para a ver. Mas cheguei à conclusão que era um misto de ilusão e confusão da minha parte que senti… ela sabe do que estou a falar.
Depois dessa “história”, não arrisquei com mais nenhuma, embora houvesse lá miúdas que gostava de conhecer.
Sempre esteve lá a rapariga que eu gostava de ser mais do que amigo para ela, (não me estou a referir à Daniela), mas não fiz nada, pelo simples facto de falta de confiança, vi-a com outros rapazes e pensava para mim, “para quê que eu ia fazer alguma coisa se ela tem rapazes atrás dela e eu sou apenas um gajo deficiente”. Alem de ser minha amiga e perceber-me como quase ninguém. Só me lembro que quando a vi-a pensava para mim: “Eras um sonho”.

Á pouco referi a minha professora de área de integração, neste post vou falar sobre os professores que tive.
Houve vezes que a minha opinião sobre os professores era diferente dos meus colegas mas isto nunca disse a ninguém.
Começo pela minha directora de turma, nunca disse a ninguém mas eu só tive uma directora de turma a serio, foi a do 10º ano, porque os dois últimos anos foi a mesma e sinceramente não gostei dela como directora de turma, pois quase que não falava comigo e senti que não me deu o apoio necessário como tal e já nem falo como professora…
Uma professora que eu gostei de ter e não me importava de ter sido a directora de turma, foi a professora de português, essa sim, punha-me à vontade para falar com ela sobre o que precisasse e além disso gostei do método que ela dava aulas, embora a turma a certa altura se revoltasse com ela, eu mantive-me calado e até achei que fomos injustos com ela.
Outra professora que admirei foi a de área de integração, pois ao longo do tempo foi-me percebendo, brincando, interagindo comigo, até que foi a primeira professora naquela escola a dar-me uma nota de oralidade e participação!
Tive pena de não encontrar mais nenhum professor de boccia como o que eu tive no 10º ano, esse sim era 5 estrelas pois vinha de lidar com pessoas como eu e sabia bem o que eu era, para o fim já éramos mais amigos do que outra coisa, ate tratávamos por tu.
O ano que passou tive duas professoras de boccia, ou faz de conta, fiquei com pena de não ficar com a primeira professora durante o ano todo, pois essa sabia mais ou menos o que era boccia, e acredito que se tivéssemos juntos mais tempo podia ter uma relação com ela parecida com que eu tive com o professor. A outra que veio… enfim não percebia nada daquilo e treinava-me com sabia… a fazer jogos.

Fora do contexto da turma e das miúdas, também tive episódios e pessoas que me marcaram no último ano em que tive na escola.
Falo principalmente das contínuas, que não só no último ano como também nos outros anos que estive na escola Soares Basto ajudaram-me muito e apoiaram-me. Não posso deixar de destacar a D. Clara em que desde de o princípio que eu fui para lá, foi ela que “cuidou” de mim pois foi ela que foi comigo sempre à casa de banho em que se teve da habituar a mim, foi ela que me deu o almoço em que me obrigou a comer tudo, quase como um bebé mas isso não levo a mal. O Sr. Joaquim também gostei muito da companhia dele pois sempre que me via vinha sempre falar comigo sobre miúdas, a meter-se comigo. E o resto do pessoal sempre foi muito solidário comigo, já me percebiam quase sem eu chegar ao pé deles, ou para abrir o elevador, ou o portão para eu sair sozinho.
Também foi o ano em que faltei mais às aulas, por uma causa nobre na minha maneira de dizer. Pois faltei a aulas para ir lanchar com amigas minhas e por fim consegui ir lanchar só com uma amiga minha em que era esse o meu objectivo, lanchar só com uma amiga e não com mais que uma pois normalmente têm medo de estarem comigo sozinhas. Faltei a essas aulas com muito orgulho, não só porque ia lanchar com uma amiga mas também porque faltei a aulas com a minha directora de turma, sem medo nenhum de ir acusar à minha mãe. Fiquei mesmo orgulhoso, infelizmente durou pouco tempo…
Também no tema “fora da turma”, houve um episódio que era escusado mas que gostei. Ao longo do tempo que andei na escola infelizmente não tive nenhuma “cena de pancada”, pelos motivos que estão à vista. Mas neste ultimo ano, dei um murro ou um “murrinho” a um puto, pois andava sempre a gozar comigo, a assustar-me de propósito, e, então um dia apanhei-o a jeito e mandei-lhe um murro mas como disse foi só um murrinho porque não calhou bem pois só foi um encosto praticamente, mas ainda hoje estou arrependido… de não lhe mandar nas partes de baixo pois ficava mais a jeito e era mais de força.

Antes de acabar quero falar sobre uma coisa negativa que eu fiz.
Naquela altura em que ficava mesmo sozinho, sem ninguém, não estava a aguentar mais e escrevi uma frase em forma de desabafo no facebook, essa frase não caiu bem nos meus colegas até que ficaram magoados comigo com alguma razão, embora também tivesse alguma razão no que disse. Felizmente ao passar o tempo, os meus colegas foram-me perdoando. Menos um, que desde daí nunca mais falou comigo. Queria pedir desculpa aos meus colegas pelo meu acto, mas principalmente ao Mário que deixou de falar comigo e ele era um dos meus maiores amigos na escola. Do fundo do meu coração peço-te desculpa Mário!

E pronto, foi assim os meus três anos na escola Soares Basto. Deu para tudo, para aprender como é a vida, para ver como escolher amigos, passei momentos bons e menos bons e acima de tudo acho que ganhei muita experiencia de vida.

No próximo post vou escrever sobre a experiencia que tive e ganhei no estágio que fiz durante este ano escola que acabei de falar.