domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma carta ao Pai Natal

Não tenho idade de acreditar no Pai Natal mas como estamos na semana do Natal apetece-me voltar a ser criança e escrever ao pai Natal…
O que eu vou escrever vai ser no sentido figurado, com alguma ironia (a carta ao pai Natal) e também o que se passou em 2011 na minha vida…

Pai Natal, se acreditasse em ti só te pedia para me devolveres algumas coisas que me deste em 2011 mas que me foste tirando ao longo do ano, se calhar foi porque me portei mal…
Não resisto em começar por uma coisa que foi a primeira coisa que me tiraste mas principalmente porque nesta época pelo ano passado estava muito feliz com o que tu me deste e porque estou “farto” de recordar com saudade os momentos que passei com elas.
Estou a falar, claro, talvez das três amigas mais fantásticas que tive até hoje, a Elisabete, a Marlene e a Cláudia, deste-me esta prenda que foi a amizade delas e muito mais ainda em 2010 mas tiraste-me nos princípios de 2011. Sem duvida foi a prenda que me deste mais bela nos últimos anos.
Mas fiquei sem ela, literalmente, muito rápido, se calhar não merecia o que estava a viver com elas ou então, como tu sabes que sou um coração mole fizeste com que eu me apaixonasse por uma delas e deste-me esse castigo pois sabias que quando eu me declarasse ela(s) iam-me abandonar só por isso, só por gostar de uma rapariga do grupo. Essa prenda foi a mais dolorosa quando me tiraste, mesmo… se existisses pedia-te para voltar atras ou então pedia-te para ter outra vez simplesmente a amizade delas.

Outra coisa que me deste ao longo da primeira metade do ano mas que não me retiraste e ao mesmo tempo não me deixaste continuar foi a magnifica experiencia que tive no meu estagio na Camara Municipal de Oliveira de Azeméis. Não vou mentir que quis ir para lá estagiar na esperança de puder ficar lá a trabalhar, pensei que com os conhecimentos que tinha lá pudesse realmente ficar lá e ter um emprego.
Sinceramente, Pai Natal, é a prenda que eu mais quero, pois estou farto de estar em casa, quero ocupar-me, quero socializar, ver pessoas novas, ter novas experiencias, novos colegas e sucessivamente amigos, não quero passar os meus dias em casa a dormir ate ao meio-dia e passar a tarde a ir para cima e para baixo (café), enfim quero ser activo e também puder ajudar a minha família pois é só o meu pai que trabalha e também já estão a dever-lhe dinheiro.
Pai Natal, peço-te só isto principalmente. Se não for na Camara de Oliveira de azeméis que seja noutro local qualquer, quero é ser um activo na sociedade e também mostrar às pessoas que não sou nenhum invalido.

Ao longo de 2011 lutei e sonhei por um sonho meu, não caminho mas quero ter mais liberdade, eu quero e vou conduzir.
Durante o ano eu lutei para que me dessem autorização para tirar carta, também conheci e falei com varias pessoas que estão ou estiveram na mesma situação que eu e que conseguiram ou estão conseguir dar este passo tão importante para um deficiente.
Das 4 ou 5 pessoas com o mesmo caso do que eu e que falei, explicaram-me os passos que deram, as batalhas que tiveram de enfrentar e nenhuma delas me disseram que foram a Lisboa fazer um teste psicotécnico ao IMTT. Pergunto-te porquê que a mim mandaram? Fazer 300km para ir fazer um teste psicotécnico que pelos vistos fui eu o único a ir lá e ainda por cima na minha opinião não fiz o teste que devia de fazer… porquê esta batalha tao difícil para nada? Foi uma das maiores desilusões da minha vida quando me disseram que não podia conduzir, quando não fiz o teste completo.
Por isso peço-te para me dares força para continuar a lutar e não desistir, a ver com isto peço-te para eliminares vozes negativas e até de quem goza comigo com esta situação, tipo Baketas e assim… porque eu vou conseguir!

Na brincadeira costumo dizer que vou pedir ao Pai Natal uma gaja desmontada para eu montar. Mas acho que chega de brincadeiras…
Queria-te pedir não uma gaja, mas uma mulher a serio, sei que posso fazer feliz qualquer uma. Não sou nenhum bicho como elas pensam, sou apenas um gajo de cadeira de rodas, que fala mal (nas primeiras vezes), que fica nervoso com alguns movimentos involuntários (também só nas primeiras vezes), que faço coisas que elas nem imaginam (vou dar um exemplo pratico: tiro a roupa e deito-me sozinho…), que não sou nenhum coitadinho, pelo contrario e etc…
Quero saber o que é ser amado porque amar já amei e muito… deve ser uma sensação boa.

Mais uma coisa que me tiraste quando estava quase a chegar ao fim. O Benfica, nas meias-finais da liga europa.
Este pedido sei que me vais dar Pai Natal, o Benfica campeão, acredito profundamente que em maio ou até antes vou estar a gritar “Benfica campeão” e ver os outros a lamentarem-se e a arranjarem desculpas.
Não peço a liga dos campeões porque sei que não mereço, mas se vier será bem-vinda.

Anteriormente falei nas minhas amigas que foram só durante um tempo, mas quero-te agradecer pelo amigo que tenho o Nuno, esse sim é um amigo a tempo inteiro e para toda a vida. Sabia que um dia ia acontecer o que está a acontecer, o meu melhor amigo tem namorada e por isso não anda tanto comigo, já não saio à noite há algum tempo pois era só ele que saia comigo. Neste caso não posso dizer que a felicidade de uns é a infelicidade de outros porque estou feliz por ele. Ele merece ter alguém.
Vou só é desafiar um outro amigo meu a ler este post na esperança que perceba alguma coisa…

A maior prenda que me deste, Pai Natal, foi a criação de uma associação para a minha terra.
A Associação Figueiredo de Rey, juntamente com amigos meus criamos uma associação que em apenas 4 meses é um exemplo de sucesso e dedicação por a terra. Tenho que agradecer o facto de a direcção eleger-me como Presidente, foi um gesto que me impressionou bastante pois vi que ainda há pessoas que me vêm como uma pessoa normal.
Por isso peço-te que a Associação Figueiredo de Rey continue num bom caminho que tem percorrido pois é uma das poucas coisas que me orgulha na minha vida…

Pai Natal a ultima coisa que te peço é que reduzas drasticamente o preconceito das pessoas pois é a coisa que mais detesto e mais sofro na pele, tu sabes. E quem diz preconceito diz pena, diz outros sinónimos que estou farto de falar aqui…


Feliz Natal!!!!!!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O meu estágio - 2ª parte

Tal como este post tem 2 partes também posso dividir o meu estágio na Câmara de Oliveira de Azeméis em 2 partes.

Não sei precisar se foi no fim do ano ou no princípio que mudei de sitio, aliás foi a secção toda de onde eu fazia parte que mudou-se para outro gabinete. E aí sim, essa mudança foi benéfica, gostei muito.

Fiquei à beira dos meus colegas, embora separado por uma porta, tive um computador melhor que me permitia fazer tudo sozinho sem ter de pedir material à Catarina e ao mesmo tempo valorizar o meu trabalho pois tive de trabalhar com imagem e áudio, o que não tinha possibilidade de fazer no outro computador.
E também teve um pormenor que nunca disse a ninguém mas que achei interessante. Como disse, também trabalhei com áudio, logo tinha colunas, e, então a primeira vez que fui para lá, estava a dar rádio e a Catarina disse-me para ouvir o que quisesse enquanto estava a trabalhar, mas como cheguei e estava na RFM deixei estar e ouvi até ao fim do estágio. Por um simples facto, é que lembrei-me de quando estagiei na Voz de Azeméis, também ouvia lá a RFM, recordei-me muitas vezes de momentos que passei lá…

O mais benéfico que aconteceu em ter mudado de sítio foi a aproximação que eu fiquei com os meus colegas. Embora eu tivesse ficado numa sala e eles noutra, foi totalmente diferente do que a “primeira parte” do estagio, pois deu para estar mais vezes com eles (todos os dias), conviver mais com eles, falar, até que por fim quase que já estavam habituados comigo no sentido da fala, acredito que se fosse todo o estágio assim eles ficavam a perceber-me bem e tudo mais que poderia ganhar com o convívio.
Quando uma colega minha, também estagiária, fez anos é que senti-me finalmente bem e integrado pelo simples facto de a Catarina me dar o bolo na boca. Eu sabia que estava bem lá e que ninguém olhava-me “de lado” por estar lá um deficiente a estagiar e fazer parte da equipa (acho eu), mas pelo simples facto de ter tido um momento de convívio e de a Catarina me ter dado o bolo sem qualquer tipo de preconceito, aparente, senti-me bem como se tivesse entre amigos.

Há um episódio que eu vivi durante o estágio mas sem importância nenhuma que quero partilhar porque achei “interessante”, fruto da minha imaginação...
Quando estava a caminhar para o fim o estágio e como tinha ainda horas para completar o estágio eu ia de manha e de tarde pois já tinham acabado as aulas, então um dia, para ganhar mais uma hora decidi que ia almoçar à escola e assim foi.
Disse à Catarina que nesse dia ia almoçar á escola, e então chegou a hora do almoço e fui ter com ela para ir levar-me ao elevador porque dessa vez eu fui sem motorista.
Pelo caminho a minha imaginação parece que se tornou realidade porque ao longo do caminho ia a imaginar o que já tinha pensado algumas vezes para o caso de poder ficar lá após o estágio a trabalhar. Naquele dia imaginei que era mesmo um funcionário da câmara a sair para o almoço como outro qualquer, que ia ao restaurante almoçar, neste caso era a escola, mas também pensei ou imaginei nesse pormenor que passava por escolher um restaurante certo e pedir a alguém desse restaurante, ou não, para me dar o almoço, como fiz na escola em que cheguei lá e pedi para me darem o almoço, e no fim do almoço voltei para a câmara.
Por acaso fiquei contente com esse momento…

Com a mudança de sítio também houve uma mudança de colegas pois vieram mais dois para a minha secção.
Primeiramente foi o Luís que veio trabalhar para lá, o Luís é meu vizinho e para além do Paulo ele era o que me conhecia melhor portanto seria bom para a minha, ainda mais, integração no grupo de trabalho que estava inserido, pensava eu. Fiquei um pouco desiludido com a visão dele sobre mim, pensava que me conhecia melhor até porque encontravam os e encontramos muitas vezes na tasca, mas foi um pouco diferente do que eu estava á espera porque principalmente no principio tratou-me com algum “cuidado” a mais, ou seja vi que ele não me via como eu pensava, como um gajo normal e etc…
Depois veio uma estagiária, pensei que iria ter oportunidade de conhecer uma colega ou uma amiga nova, como aconteceu durante toda a escola. Mas não foi bem assim. Como eu estava à espera, no princípio a Tânia olhava para mim como é costume e estou farto de falar aqui no blog. Mas esperava que ao longo do tempo que tanto ela como eu nos começássemos a conhecer melhor, a entender-me me melhor e até que poêssemos criar uma relação como tinha com as minhas colegas da escola, tal quase não aconteceu. Quase que não falávamos um para o outro, também foi um pouco por minha causa porque quando ela veio para a minha beira tive uma reacção um pouco inexplicável que não vale a pena falar, mas ao longo do tempo fomos nos conhecendo melhor só que não houve aquele relacionamento que pensava que ia haver entre colegas da mesma idade… tudo isto mais uma vez por causa da fala.

De resto só tenho de agradecer às pessoas que conviveram comigo durante o estágio em que não referi aqui, principalmente a Daniela e o Altino que na “segunda parte” do estágio foram “mais” colegas pois tivemos oportunidade de estar mais vezes junto e conhecermos-mos melhor.
Também só quero referir só mais uma coisa que me deixou orgulhoso e contente que foi o facto de eu ter participado em algumas reuniões que se realizavam para planear o trabalho para a semana toda, uma coisa de nada que me deixou orgulhoso…

E dizer que tive realmente pena de não ter podido ficar lá empregado, não só pelo emprego em si mas também mais uma vez pelas excelentes pessoas e amigos que fiz lá.

Agora que descrevi o meu estagio…. Alguém podia dar-me uma hipótese de trabalho, pois estou cansado de estar em casa..,.
(desabafo)