terça-feira, 28 de julho de 2009

Um amor, um sonho quase realizado (parte 2)

A primeira parte, que eu escrevi foi quase um sonho que eu vivi com ela.

Agora vou falar um pouco mais da realidade, uma realidade que por vezes parecia um sonho, outras vezes gostava que não tivesse acontecido...etc

Disse que com ela vivi coisas em que nunca pensei de viver, e é verdade. Ela fez-me sentir um homem a sério, ensinou-me muita coisa, pois antes dela não tive nenhuma rapariga a quem pudesse fazer o que fiz por e com ela. Realmente ela foi a primeira, e infelizmente ainda é a única.
Uma das coisas que me admirei com ela foi os ciúmes. Já com a nossa relação, para ela de amizade e para mim de amor, com vários meses, eu fiz de tudo para ela olhar para mim de outra maneira, e acredito que consegui pelo menos uma parte dela. E então com esses tempos de muita coisa vivida entre nós, a certa altura começou a haver ciúmes, mas o normal era ser eu a ter ciúmes dela porque ela tinha sempre namorados e eu sempre renegado para trás. Mas ela tinha ciúmes de mim, das minhas amigas. Isso fez-me feliz e talvez orgulhoso, porque talvez nunca passaria por a minha cabeça ter alguma miúda a ter ciúmes de mim.

Parecia mesmo que ela gostava de mim, que eu era só dela. Mandava-ma cada mensagem que eu cada vez mais acreditava que ia conseguir o que sempre quis, namorar com ela, ter o amor dela só para mim. Falava-lhe das minhas amigas e ela tratava-as mal, isso fazia-me sentir mesmo feliz.

Um dos pontos mais altos foi quando estávamos mesmo próximos, unidos. Conheci a "Joana", falei-lhe muito dela, estava sempre a «picar-lhe» com a Joana, ela perguntava-me se a Joana era melhor que ela, se eu gostava da Joana, chamava-lhe nomes...etc, até que um dia de eu a «picar» tanto por causa da Joana, ela chorou, sim chorou, para mim isso foi.... sinceramente não tenho palavras.

A distância se calhar foi o que me impediu de ser realmente um rapaz feliz. Nós só falávamos por mensagens, nunca estávamos juntos. Disse que acredito que conquistei uma parte dela. Pois umas das tantas noites que faláva-mos ela disse-me «Amo-te», nunca mais me vou esquecer desse momento. Infelizmente durou muito pouco tempo. Passado uns dias disse-me que gostava doutro. Foi como transformar um sonho em pesadelo... Mas não consegui esquecer-la, não sei porquê...

Acredito que foi a distância que não me deixou ser feliz. Mas não foi a distância, foi também o preconceito. Talvez se ela não tivesse preconceito eu namorava com ela. Dizia-me sempre que não gostava de mim o suficiente, mas eu sinto que houve muito preconceito de andar um deficiente.

Continuei a amar-la sempre, mesmo com rapazes atrás dela, sempre com um namorado, acima disso não a conseguia esquecer.

Ao fim de dois anos de ter sem receber, de não ter o que eu queria ter. Na altura da festa da minha terra, eu já estava «farto» de gostar dela, por isso decidi arriscar tudo. Pedi-lhe para curtir comigo, ter finalmente o meu primeiro beijo e era com ela queria tanto esse momento. Pois para mim pensei que já não tinha nada a perder, pois eu antes não lhe tinha pedido nada desse género directamente porque tinha (e ainda tenho) «medo» ou «receio» de correr mal o primeiro beijo por razão óbvias. Ela disse, como era de esperar, que não, porque gostava doutro ou assim. Já contava com esse resposta, mas não desisti, dizia-lhe que estava na festa mas que gostava que ela tivesse comigo...etc

Até que no domingo da festa, ela veio jantar a casa da minha tia, nessa noite eu senti-me bem. Estava sempre a ir tem com ela, pronto eu estava com ela o que era raro. Lembro-me de dois episódios que fiquei orgulhoso e contente, pois estava com ela e o meu pai passou por nós e viu-nos juntos, riu-se para mim e eu fiquei orgulhoso. Outro foi quando eu estava para ir para a festa e antes de ir eu disse-lhe pela a primeira vez «ao vivo»: «Amo-te», nesse momento senti-me muito feliz.

No fim da noite quando ela ia-se embora eu estava com ela, estáva-mos despedir um do outro. Disse-me que tinha de ir, como é normal a despedir demos um beijo um ao outro. Mas foi um beijo que não estava à espera, ela desvio os lábios dela para os meus e encostaram-se, foi um momento único para mim e que gostava que parasse o tempo, apesar de ter só um encosto. Considero esse beijo como o meu primeiro beijo mas também como um «aperitivo» porque até hoje infelizmente ainda não beijei ninguém a sério.

Das várias conversas, falámos sobre a escola. Recordo-me de ela me dizer que talvez se eu tivesse na mesma escola que ela poderia ser diferente, essas palavras foram como mais uma vez a esperança a renascer.

Foi para escola que ela e foi totalmente o contrário que nós, principalmente eu, que fosse. Nunca imaginei algum dia passar por ela e não conhecer, nunca em estarmos muitos chateados de maneira não falar com ela durante tempos...etc

Mas foi isso que aconteceu. Nunca estivemos bem a cem por cento na escola. Foi ciúmes, foram outras coisas e talvez preconceito que nos impediu de estarmos bem.

Sabia que ia acontecer eu ver-la com outros o que era difícil para mim, mas sempre tive esperança que acontecesse entre nós, mas não aconteceu, Aconteceu foi episódios deixaram-me triste e outros contente. Sobre a escola falarei mais à frente.

Ao menos com a escola serviu para dizer à minha cabeça que ja a esqueci... porque não sei dizer isso ao meu coração.

Acabo aqui este post.

Mas, Daniela tenho muitas saudades destes tempos, não me importava de passar isto tudo outra vez pois sinto que a nossa história não podia ficar assim.

Foste a primeira e serás sempre única.

Um tema básico para um rapaz normal mas para um deficiente um problema quase para toda a vida.


Foi um amor e um sonho quase realizado...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um amor, um sonho quase realizado (parte 1)

Hoje vou falar de um tema que é difícil para os deficientes, o amor, o amor na adoslecência.
Mas principalmente vou escrever sobre a experîência que eu tive, ou do meu primeiro verdadeiro amor, quem sabe, o único.

Como eu disse, nos torneios de boccia em que eu foi, vi lá muitos deficientes novos, como eu já foi. Era um rapaz como todos os outros, gostava muitos de miúdas, na minha inocência dizia que tinha várias namoradas... Enfim, como era tão simples...

A adoslecência nos deficientes é difícil (apenas estou a falar como experiência própria). A minha está a ser muito difícil, pois eu sempre «gostei» de miúdas», quando era pequenito ainda me lembro de ver raparigas a passar com o meu pai e «discutir» sobre elas com ele... bonitos tempos.

O que não são bons tempos, foi e é a minha adoslecência. Pois também gostava de ser como os rapazes normais, «curtir» com miúdas, «comer» miúdas e etc, mas não sou como esses rapazes normais, sou deficiente motor, há muito preconceito ou talvez medo... não sei.

Felizmente mais do que infelizmente, tive o meu primeiro amor, verdadeiro, foi uma altura em que tive realmente feliz, mas também tive momentos que tive também infeliz.
Apaixonei-me realmente a sério, não sei se foi apenas um amor de adoslecente ou algo mais.

Tinha eu 15 anos, conheci uma miúda, como eu sempre quis ter, bonita, não sei explicar, era a miúda dos meus sonhos, senti que ela tinha o que queria numa rapariga.

Nunca mais me esqueço, foi num aniversário que eu realmente foi «atingido». Já a conhecia antes e achava a piada, mas essa noite foi, como que um click, estava sempre a olhar para ela, não sei o que me deu.

A partir dessa noite eu não parava de pensar nela, por isso, não descansei enquanto não tive o número dela. Finalmente consegui. Lembro-me como fosse hoje, o momento que mandei-lhe a primeira mensagem, não sei o que senti verdadeiramente.

Nessa altura com 15 anos já sabia o quanto era difícil de uma rapariga olhar para mim. Por isso nas primeiras mensagens não disse quem eu era, pois tinha medo da reacção dela. Comecei por dizer que era um admirador secreto dela. Ao fim de muitas mensagens trocadas disse-lhe quem eu era. A forma que eu disse que era eu, foi numa frase: «se eu fosse deficiente motor, o que é que fazias?» - mais ou menos assim, ela ficou logo a saber que era eu.

Nos primeiros tempo foi difícil conquistar a amizade e a «confiança» dela, pois nunca tinha imaginado que um deficiente gostasse dela, tentou de tudo para nos afastarmos, mas supreendentemente eu consegui vencer essas batalhas todas.

Depois de já uns tempos de nos conhecermos, eu vivi coisas que não pensei em viver enquanto um deficiente, e, sinceramente não sabia que havia essas «coisas», como por exemplo, ficar até à uma da manhã a falar ao telemóvel com uma miúda, ou ouvir e dizer coisas, «fofinho», «princesa», «vou sonhar contigo»... etc. Enfim era tão inocente...

Mas ela ensinou-me a ser um «homem» a sério, com ela fiz quase tudo.....

terça-feira, 14 de julho de 2009

Amigos da onça

Eu era para escrever este post mais tarde, mas depois do que tem aconticido, vou escrever agora.
No fundo este assunto dos "amigos" é quase a razão do qual que eu criei o meu blog...

No anterior post disse que quando era puto eu era 'feliz', e era, brincava com os meus amigos, éramos uma espécie de 4 em 1, fazíamos tudo, eles tratavam-me com normalidade, jogávamos pc, trazia los para minha casa...etc

Pensei que essa pura amizade ia durar para sempre, pensei que iam-me tratar sempre da mesma forma, com igualdade, solidariedade. Até chagamos a criar um hi5 para os 4, "thefourfriends.hi5.com".

Mas agora tudo isso acabou, começou a adoslecencia, tirararam carta.
Antes de tirarem a carta eles faziam planos para quando tivessem carro, eu ouvia esses planos mas raramente ouvia o meu nome incluído nesses palancos, sempre pensei que eles iam-me levar a sítios, a sair à noite....etc. Tudo isto não aconteceu e não está a acontecer, algumas vezes ainda saí com eles, mas foi quase por 'favor' e quando saía era para sítios quase banais, tipo feira de março, restaurantes e pouco mais. Nem a bares, nem a discotecas, nem nada disso.

Já muito antes de tirarem carta, também saiam com o Paulo, eu ficava na tasca a ver-los ir, nessa altura ficava triste por não ir com eles e ficar apenas numa tasca, nem pediram ao Paulo para fazer um sacrifício para me levarem com eles e a cadeira ia na parte de trás da carrinha.
Foram poucas as vezes que chegaram a dizer-me que iam sair com ele, lembro-me mais ou menos de uma frase que o Tiago Filipe uma vez disse-me quando iam sair - "Oh pá sabes como é, o carro não é nosso e é complicado levar-te" - foi uma das poucas frases que ouvi. Nessa altura eu ainda 'tolerava' um pouco porque o transporte não era o mais adequado e também não era deles, mesmo ficava triste e revoltado.

Quando comecei a sair com eles a esses 'sítios' que disse, ficava feliz. Mas quando soube que me vinham trazer a casa ás 2 da manha por ai, e depois iam realmente para a noite, foi aí que me magoaram a primeira vez.

Posso estar enganado mas tudo isto que aconteceu e acontece é mais por 'culpa' do Tiago Emanuel. O Tiago Emanuel é o que neste momento despreza-me mais, aliás se calhar não e só neste momento, mas desde o momento que começaram a sair. Ele pouco ou nada fala comigo, para ele eu quase só sirvo para 'interesses', ou seja só para pagar umas minis e esse tipo de coisas, tem o carro dos pais que não dá para levar a cadeira, mas isso não é desculpa e nem é tudo.
Acho que se não fosse o Tiago eu saia mais vezes, era mais feliz, não sei... é o que eu sinto. Sinto que os outros vão atrás dele.
Os outros também desprezam-me. A festa do Espírito Santo marcou-me muito, pois tive episódios que nunca pensei em ter, em viver. No domingo da festa estávamos para ir até lá, disseram-me para eu ir com a cadeira que iam lá ter, fiquei chateado virei-lhes as costas e vim a casa, e depois foi à festa sozinho. A ir a casa vi-os a ir com o carro para baixo, pensei que iam à festa, mas a festa deles era outra, era na torreira. Fiquei a saber que tinham ido à torreira na vez da festa.

Agora é assim, saem sem me dizer nada, e eu ao pé deles, de repente põem-se no carro e vão, e eu... fico sozinho a ver-los partir...

(continua)*

segunda-feira, 13 de julho de 2009

'Como é' ser deficiente motor e ter paralesia cerebal nestes tempos...

Este post vai ser tipo uma introdução da razão que criei este blog...
Vou falar na minha experiência própria e nada mais.

Eu vivo numa aldeia em que tem mais habitantes velhos do que novos, onde eu moro para a maior parte da população, especialmente velhas(idosas), sou um coitadinho... pois ando numa cadeira de rodas, expresso-me mal, tenho alguns movimentos involuntários..etc. Ás vezes a conversarem com os meus pais têm frases que eu não gosto nada, do tipo: "coitadinho, é uma pena" ou "isto revolta-me ver assim um menino e ver os outros a correr tudo", também fazem-me perguntas ridículas do tipo: "Quem é este?" "conheces-lo" e fartas de saber que eu estou farto de conhecer.

As velhas dão-me dinheiro com pena de mim, isso é o que detesto mais. Mas porquê que me dão dinheiro? Sinceramente não percebo.
Disse que detesto que as velhas dão-me dinheiro, mas agora digo detestava! Pois 'caguei' para isso, se têm pena de mim deixa ter, querem-me dar dinheiro - "Pega lá para tu guardares ou comprares um bolicao" - tipo isto, que me dêem, melhor, bebo mais umas minis á pala, de certeza que não é para comprar um bolicao nem para guardar.

Isto é para as velhas mudarem de atitude comigo, para me tratarem como um rapaz normal.


Ter paralisia cerebal aos 19 anos......
O ano lectivo que passou deu-me a oportunidade de começar a jogar boccia a sério, e por isso também tive a oportunidade de ir a torneios...

Eu sou um rapaz como os outros, queria ter namoradas, curtes...etc. Mas infelizmente ainda não tive nada disso, só gostei de miudas, ou seja tive sentimentos de um adoslecente normal, não passei dos sentimentos para os actos, ainda não beijei nenhuma miuda nem nada disso.
Com 19 anos não sei o que é namorar nem curtir nem nada (vou escrever um post sobre isto mais tarde). Vejo os outros a fazer isso tudo, e eu nada.
Só interessar-me por miudas que não dão-me nada em troca.

... Nos torneios de boccia que foi, vi muitos deficientes, piores que eu, melhores que eu, mais novos e mais velhos.

Como é normal neste idade, sempre uma pessoa especial, e eu não sou excepção, também tive ou tenho uma pessoa especial no meu coração.

Nos torneios olhei especialmente para os mais novos que eu, putos de 11, 12 anos. Reparei que eles tal como eu na idade deles, vivíamos 'felizes' sem pensar no futuro. Pensei como será quando eles tiverem a minha idade, deficientes piores que eu, mexem só a cabeça ou têm as mãos encolhidas... como será? Terem necessidade de ter novas experiências e ser muito difícil de alcançar-las, como eu estou a sentir. Felizmente eu faço quase tudo, mas e eles? Vivem 'felizes', brincam, mas estão a crescer e vão sentir tantas dificuldades, especialmente na vida sentimental. Como eu estou a sentir.
Eu pensei muito na minha infância ao ver-los.

Era 'feliz' mas agora.....