quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Escola Soares Basto (1ª parte)

Como já começou mais um ano lectivo, vou falar sobre a escola que eu ando.

Eu já frequentei 4 escolas (a contar com a primária). Mas 'mais a sério' foram 3, a escola do Pinheiro da Bemposta, a Ferreira de Castro e por fim a Soares Basto.

Não vou falar nada da escola do Pinheiro porque simplesmente não me apetece.

Mas a Ferreira de Castro tenho algumas coisas para dizer. A Ferreira de Castro foi a primeira escola secundária que eu frequentei e também a primeira 'longe de casa'.

Quando foi para lá estava com 'medo' ou 'receio' que não me adaptasse bem à escola porque eu no Pinheiro ate ao meu primeiro 9º ano (reprovei duas), tive sempre os meus colegas desde a primária na minha turma, e, foi para a Ferreira sem ninguém conhecido, estava com 'medo' por causa disso. Ao mesmo tempo senti-me um bocado de conforto porque sabia que aquela escola estava habituada a ter deficientes a estudar por isso estava um pouco descansado.

A minha integração na turma não se pode dizer que foi difícil mas fácil também não foi. Como todas as pessoas que convivem comigo foi o que aconteceu aos meus colegas ou seja, no principio acham que eu sou diferente, um deficiente mental e etc, mas depois de me conhecerem vêem que afinal não sou tão diferente. Com os meus colegas foi assim, lembro-me de uma vez quando estava mesmo no principio das aulas, eu estava muito nervoso e não parava quieto (os meus nervos manifestam-se assim), estava sozinho num canto da sala e duas colegas olharam para mim como quem olha para uma 'coisa' mas no decorrer do ano foram as minhas melhores colegas e amigas.
Tenho vários episódios passados na Ferreira de Castro que dava para eu contar mas não vale a pena até porque estou aqui para falar da minha escola actual.


Na escola Soares Basto foi igual.
Estava muito nervoso antes de começar a escola pois não conhecia ninguém praticamente e havia outro factor que me preocupava muito que era aquela escola nunca tinha tido um deficiente como eu lá a estudar, na verdade talvez era o que mais me preocupava, ser o primeiro deficiente a andar na Soares, pois o pessoal, continuas, colegas e até mesmo professores não estavam habituados a lidar com uma pessoa assim.


Antes de ir para a escola tive vários apoios e palavras de incentivo para eu não ter receio de ir para aquela escola. Mas principalmente tive apoio de uma amiga minha, que também ia para lá a primeira vez. Comecei a falar com a Cátia um pouco antes de começar a escola, já a tinha conhecido antes mas nunca tínhamos falado muito (porque é a tal coisa de as pessoas começarem a conviver comigo). Posso dizer que o apoio dela foi importante para mim, falávamos por a net sobre a escola, sobre mim, como eu era e logo percebeu que eu era um rapaz normal e deu-me muito apoio para ir para a escola. E durante a escola a Cátia tornou-se uma grande amiga minha que nunca vou a esquecer.
Não posso e não é justo não falar na Daniela que também me deu um grande apoio, pois já andava na escola e dava-me alguma tranqualidade.


No dia da apresentação foi como eu previa, estava muito nervoso com movimentos involuntários, quase que não olhei para os meus colegas. Queria ir sozinho à apresentação mas a minha mãe também foi com a minha professora de apoio, enfim foi mais uma 'vergonha' para mim.

Antes um dia de começar a escola soube que o Sérgio era da minha turma. Isso parece que me tirou metade do receio de ir para lá. O Sérgio tinha andado na escola do Pinheiro comigo. Apesar de não sermos da mesma turma dava-nos muito bem. Ele não estava habituado comigo no Pinheiro, mas logo tornámos-nos grandes amigos, foi ele que me ajudou (e muito) nos primeiros dias de escola, aliás se não fosse ele não sei se era o mesmo que sou hoje na escola.


Ao longo do tempo eu foi-me habituando à escola e à minha turma e vice-versa. O convívio com a minha turma foi excelente. Ao longo do ano lectivo fomos-nos conhecendo e foi fantástico a minha integração. Alinhava com eles, nas faltas, nas idas ao café, nas 'asneiras' e etc.
A minha turma percebeu logo que eu não era um coitadinho ou um deficiente mental, isso fez-me feliz. O meu maior problema na minha deficiência, na minha maneira de ver é o facto de falar mal, expressar-me mal, mas esse problema com a minha turma foi ultrapassado rápido, principalmente com o Baketas e a Márcia, parecia que tinham convivido comigo já há muito tempo, isso tem uma razão. O Baketas no início era o meu melhor colega e a Marcia era uma miúda que puxava muito por mim e logo eu sentia-me mais à vontade, não ficava tanto nervoso por isso falava mais bem, e com o resto da turma foi igual. É claro que ainda não me entendem a 100% mas fiquei muito contente pelo o facto de o 'meu' maior problema se tornar menor.
Todos os colegas meus sabem o que eu queria que todas as pessoas soubessem, que sou uma pessoas normal só com algumas limitações. Vou falar de alguns colegas.
O Baketas, era impossível não falar sobre ele, pois já me conhecia, mas não me conhecia tão bem como por exemplo, ir comigo à casa de banho, mas ele foi, logo no principio, isso impressionou-me muito, pois não estava à espera. Ele foi muito bom para me integrar.
A Márcia, tinha estado com ela antes 15 dias, sem se quer imaginarmos que íamos ser da mesma turma, nesse dia reagiu ou pensou da mesma maneira que as outras pessoas que eu falo. Mas depois de me conhecer tornou-se uma grande amiga minha, entendia-me como quase ninguém da turma, enfim, tinha um carinho especial por ela.
O Amaral, era meu vizinho, mas nunca nos demos também pensava que eu era um coitado, mas logo se apercebeu que eu era um gaijo igual aos outros e também foi importante para a minha integração.
A Viviana, ainda demorou algum tempo a perceber como eu era, mas quando percebeu ela foi uma amiga 5 estrelas, entrava nas brincadeiras com os outros que estavam comigo, depois ela já falava comigo, brincava...etc uma dessas brincadeiras foi a minha marida, senti-me bem porque sabia que eu para era como os outros.
E por fim o Júlio, deixei para o fim o Júlio por uma simples razão, um dia disse-me uma coisa que é isto tudo que eu escrevi, foi mais ou menos assim (quando estava-me a dar um corassant na boca): "Quando te vi na apresentação e a professora a pedir para ajudar-te, eu pensei, 'meu Deus como é que vai ser, não vou saber o que fazer', mas afinal é fácil...", esta frase diz tudo o que eu quis dizer, não sou nenhum 'bicho.
E os outros colegas meus também adaptaram-se a mim e eu a eles, fiquei feliz por saber que não tinha problemas nenhuns com eles, tipo gozarem, e etc.

continua*

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